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Caso de "vaca louca" no Pará pode trazer queda na arroba da carne se escalas de abate não forem reduzidas

A expectativa do Mapa é ter a confirmação de que se trata de um caso atípico da doença em no máximo em uma semana, para que exportações para a China possam ser retomadas

Goiás tem um rebanho de aproximadamente 24 milhões de bovinos e existem quatro frigoríficos que exportam para a China. De acordo com dados do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), em 2022 as exportações de carne brasileira para o país da Ásia Oriental, representaram 67%, equivalente à carcaça. Somando um total de 8 bilhões de dólares. No estado, isso correspondeu a 824 milhões de dólares.

De acordo com o analista do Ifag, Marcelo Penha, os impactos para a economia goiana trazidas pela suspensão temporária das exportações para o país, motivada pela investigação do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como mal da "vaca louca", identificado no Pará, depende da oferta de mercado. “Vai depender muito da reação do produtor. Se ele continuar ofertando na mesma quantidade de animais para abate, a arroba pode cair sim. Nacionalmente a China representa aproximadamente, 10% de todo o processamento da carne bovina”, detalha.

De acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, o material que vai revelar qual o tipo de Encefalopatia Espongiforme Bovina, identificada no Pará, deve chegar em cerca de dois dias no laboratório referência em saúde animal que fica no Canadá.

“Estamos trabalhando para ter essa resposta o quanto antes e evitar prejuízos maiores para o Brasil. Assim que a amostra chegar, acreditamos que o resultado saia em três dias. Tudo indica, pelas características, que seja um caso atípico da doença, aquele que se desenvolve no animal principalmente por causa da idade mais avançada. Mas temos que seguir todos os protocolos”, explica.

Confira: Caso de “vaca louca” é confirmado pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará

Enquanto isso permanecem suspensas as exportações para a China, devido ao cumprimento de um protocolo sanitário firmado com o Brasil. A identificação do caso foi em uma fazenda com cerca de 160 rezes, situada no Pará. O proprietário informou a Agência de Defesa Agropecuário do Estado, que o animal de aproximadamente nove anos, criado a pasto, estava bastante nervoso, apresentando sintomas neurológicos. Na fazenda, os veterinários descartaram a primeira suspeita que seria raiva. Ele foi abatido e o local isolado. Começou-se então a investigação sobre o mal da "vaca louca".

De acordo com veterinários, os casos atípicos de vaca louca ocorrem de forma esporádica e espontânea, principalmente em animais mais velhos. A doença é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon, que já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive nos humanos. Quando ele se multiplica em excesso, os neurônios morrem e no lugar ficam buracos brancos, trazendo os transtornos.

Já no tipo clássico, a doença é transmitida por ração contaminada, muitas vezes elaborada com produtos obtidos de animais infectados. O Brasil não registra casos desse tipo há mais de 20 anos. E é proibido usar qualquer tipo de alimento para bovinos feito com proteína animal que possa estar contaminada, como por exemplo, farinha de carne e ossos de outras espécies e cama de frango.

O Brasil possui uma política rígida de controle de doenças que possam suspender as exportações e oferecer risco para o consumo interno. No entanto, o papel do produtor rural é fundamental para a manutenção dos altos índices de qualidade da carne. Cabendo a ele sempre notificar as autoridades sanitárias as situações em que animais apresentem sintomas de enfermidades transmissíveis.

Veja também: Ministro Fávaro recebe embaixador da China para tratar do caso de EEB no Brasil


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