Novela da Globo criminaliza o agro e ajuda a estereotipar o produtor rural brasileiro
Novela da Globo criminaliza o agro e presta um total desserviço sociedade, onde criminaliza o setor e ajuda a estereotipar o produtor rural brasileiro
No início de maio eu assisti uma chamada da nova novela das 21h da Rede Globo chamada “Terra e Paixão” e fiquei muito indignado com o contexto em que ela enquadra o agronegócio, onde criminaliza o agro e ajuda a estereotipar o produtor rural brasileiro.
Confesso: eu, assim como muitos brasileiros, tenho uma queda por novelas... Gosto particularmente porque considero uma distração da nossa rotina, uma fuga da nossa correria. Naquele momento você se permite desligar um pouco.
Mas no meu caso, eu comparo o fato de assistir a novela com aquele "dia do lixo" dos nutricionistas, onde uma vez por mês somos liberados para comer fast-food e outras porcarias. Lá de vez em quando eu me permito o "dia do lixo", mas na versão entretenimento.
Gosto particularmente, porque a trama das novelas são tão óbvias e acontecem tão lentamente que a gente pode perder, sem problemas, vários capítulos sem perder a narrativa e nem os fatos principais do roteiro.
Mas, voltando ao caso da nova novela a Globo, a chamada que eu assisti me revoltou profundamente. A trama retrata a velha história do poderoso que se aproveita dos pobres, do valentão que humilha os fracos, do patrão que explora o pobre funcionário. Não que isso não aconteça. Acontece, mas não podemos de maneira alguma generalizar a situação. A trama é uma péssima piada de mal gosto contra o agronegócio, o setor que mais gera riquezas e que sustenta a economia brasileira em todos os momentos.
A Rede Globo presta um total desserviço à sociedade, imputando ao "fazendeiro" o papel de explorador, de mau caráter, de poluídor e de aproveitador dos fracos... Mas o que poderia se esperar de uma rede de televisão que há anos tenta manipular o comportamento da população? A Globo acumula histórias de fiascos, sempre se posicionando politicamente do lado que mais lhe convém, pendendo para o lado dos seus interesses comerciais e forçando comportamentos sociais duvidosos como se fossem normais para a grande massa.
Mas é totalmente compreensível como se chega a esse ponto... A receita é óbvia: pegue um escritor de novelas de "apartamento", ou seja, que nunca pisou numa propriedade rural. Adicione ao roteiro a obrigação de ser líder de audiência.
Dando uma pausa, na receita, eu cito mais uma prova de que o cidadão urbano não conhece o agronegócio. Eu a tive no domingo, quando eu passeava na Avenida Paulista e, frente ao MASP, me deparei com uma ação publicitária da nova novela. Lá estavam sacos de estopas com o nome da trama, pés de milho enfeitando um lugar para as pessoas tirarem selfies divulgando a novela, etc. Mas o que me surpreendeu foi as pessoas fazendo uma grande fila para tirar foto com um... trator! Nesse caso, o maquinário nosso de cada dia era um "king-kong", um objeto exótico, que devia ser exibido nas redes sociais... Algo totalmente fora do contexto urbano, visto poucas vezes frente a frente.
Em seguida, pegue um grande público que também não conhece a fundo o agronegócio. Isso mesmo: a maior parcela da população não conhece o agronegócio como eu ou como você que vivemos a realidade do setor diariamente. Eles só conhecem os estereótipos que meios de comunicação como a Rede Globo lhe transmitem diariamente em suas programações.
Agora, voltando à receita, misture todos esses elementos e você tem uma trama como "Terra e Paixão"! E agora, durma-se com um barulho desses...
Mas o que importa é que o objetivo final seja atingido: que a novela "dê o que falar", cause burburinhos, discussões, desperte ódios e paixões e revoltas... Com esses itens finais, a receita do sucesso da novela está finalizada. Com isso tudo, eles conseguem o que querem: audiência.
O mestre Nizan Guanaes disse em entrevista recente ao site AGFeed que "é hora de o agro entrar no ringue para brigar". Tá bom, Nizan, mas o problema é que o agro não sabe nem se comunicar entre si, quanto mais se unir para brigar por uma causa...
Dias desses, encontrei o presidente da ABMRA (Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro), Ricardo Nicodemos, em Cuiabá/MT, onde participávamos de um evento. A entidade é uma das poucas iniciativas que buscam agregar valor à comunicação do agronegócio no Brasil. Afirmei e ele concordou comigo que o agronegócio tem que parar de ser "endeusado". O conceito que trabalhamos hoje de que o "agro é pop", "agro é tudo" é péssima! Afinal, foi criada pela Rede Globo. O que poderia se esperar?
Esse péssimo conceito coloca o agro como prepotente frente à sociedade que nem o conhece direito. E é assim que passamos a imagem do setor, que é captada pelo autor da novela e pelo grande público, com nossas "caminhonetonas caras", nossos "cintos de caubóis", nossa "música sertaneja"...
E assim seguimos, sempre sendo os vilões da novela e nunca revidando, como aconselhou o mestre Nizan...
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